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Quase metade da população brasileira continua sem acesso a sistemas de esgotamento sanitário
Quase metade da população brasileira continua sem acesso a sistemas de esgotamento sanitário

Levar abastecimento de água potável e coleta e tratamento de esgoto para toda a população brasileira vai além de garantir qualidade de vida, saúde e preservação ambiental. O saneamento básico também pode trazer benefícios econômicos para o país.

De acordo com o estudo “Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento Brasileiro 2022”, feito pelo Instituto Trata Brasil e elaborado pela consultoria Ex Ante, se o Brasil passar a atender a totalidade de sua população ao longo dos próximos 20 anos com saneamento básico, isso pode render ao país mais de R$ 1,4 trilhão em benefícios socioeconômicos.

A presidente do Instituto Trata Brasil, Luana Siewert Pretto, explica que o estudo leva em consideração o passado – o quanto o investimento do saneamento básico trouxe de ganhos e de redução de custo entre 2005 e 2019 – mas principalmente o quanto o Brasil poderá ganhar nas próximas duas décadas.

“Optamos em fazer um cenário de universalização do saneamento, avaliando a perpetuidade desse ganho ao longo dos próximos 20 anos. Poderíamos ter avaliado até 2033, que é a meta estabelecida pelo Marco do Saneamento, mas avaliamos os ganhos até 2040, considerando, então, o prazo final para a universalização.”
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Segundo Pretto, houve melhora no acesso ao saneamento básico entre 2005 e 2020, mas ainda tem muito a evoluir nesse setor no país. Em 2005, 81,7% da população brasileira (138,4 milhões) recebia abastecimento de água na residência e 39,5% (66,9 milhões) tinha tratamento de esgoto. Quinze anos depois, a cobertura de acesso à água tratada passou para 84,1% da população, ou 175,4 milhões de pessoas, e a rede de esgoto foi ampliada para 55% da população, ou 114,6 milhões de pessoas.

Isso significa que quase metade da população brasileira continua sem acesso a sistemas de esgotamento sanitário, utilizando fossas ou jogando o esgoto diretamente na natureza. Os últimos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), divulgados em 2020, mostram que 33,1 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada e 94 milhões não possuem acesso à coleta e tratamento de esgoto.

Se considerarmos os recortes regionais, o Norte registra apenas 13,1% da população com acesso à rede de coleta de esgoto. No Sudeste, o percentual salta para 80,5% da população coberta e, no Centro-Oeste,59,5%. No Sul, o esgoto tratado não chega à mais da metade dos habitantes (52,6%) e no Nordeste falta para 69,7% da população.

Com a universalização do acesso a saneamento básico, os setores da saúde, do turismo e o imobiliário seriam os mais beneficiados em retorno econômico. No caso da saúde, o estudo estima que entre 2021 e 2040, a economia por conta das melhorias no cenário sanitário seria de R$ 25,1 bilhões, ganho anual de R$ 1,25 bilhão.

Já os ganhos de renda do turismo poderiam chegar a R$ 4 bilhões por ano. Se considerado o acumulado do período de 2021 a 2040, o valor chegaria a cerca de R$ 80 bilhões.

“No Brasil temos em média 30 turistas para cada 1000 habitantes, sendo que com toda a diversidade de flora e fauna, com a despoluição dos rios e mares, o Brasil pode sim atrair mais turistas. A Argentina, por exemplo, tem hoje 150 turistas para cada 1000 habitantes, muito diferente da nossa média e turismo aquecido gera renda e movimenta a economia local”, diz Luana.

A valorização imobiliária alcançaria R$ 2,4 bilhões por ano, ou R$ 48 bilhões em 20 anos. Esse valor foi calculado tomando por referência a evolução anual do estoque de moradias de 2021 a 2040 e a valorização imobiliária esperada devida apenas à melhoria das condições de saneamento.

Luana Pretto ressalta que o Brasil segue com o compromisso assumido com o Marco Legal do Saneamento Básico, de ter 99% da população com acesso ao abastecimento de água potável e 90% com acesso à coleta e tratamento de esgoto até 2033, com possível extensão de prazo para 2040 para alguns casos.

Fonte:

Layane Serrano
CNN 

 

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