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Dinheiro: nota de 100 dólares, focando o rosto de Benjamin Franklin. Foto: AdamNir/Unplash
Dinheiro: nota de 100 dólares, focando o rosto de Benjamin Franklin. Foto: AdamNir/Unplash

No quarto dia (quarta-feira, 9 de novembro) da 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP27, as finanças foram o assunto principal debatido por líderes e representantes do setor financeiro de diversos países. O que predominou foi o consenso sobre a necessidade urgente de iniciar a implementação dos compromissos assumidos pelo setor financeiro na COP26, no âmbito da Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ).

Durante todo o dia, os co-chairs da GFANZ debateram junto de diversos líderes mundiais uma estratégia para que o setor financeiro acelere a transição da economia real, através do financiamento de soluções climáticas, negócios alinhados aos objetivos do Acordo de Paris e o desinvestimento manejado de fontes fósseis.

A urgência da elaboração e início da implementação dos planos de transição foi destaque durante as discussões. Mark Carney, co-chair da GFANZ, afirmou aos líderes financeiros que os planos de transição precisam ser elaborados e sua implementação deve começar "ontem". O grupo ofereceu guias para o setor financeiro e endossou que os planos de transição do setor financeiro precisam seguir as regras da Iniciativa de Metas Baseadas em Ciência.

Um plano de transição é um mapa para guiar os investimentos. No setor de energia, por exemplo, é preciso evoluir do cenário atual, ou seja, da relação de 1 dólar investido em energias renováveis para cada dólar investido em fontes fósseis, para 4 dólares investidos em renováveis para dólar investido em fósseis até 2030.

O setor financeiro destacou iniciativas já em curso, como a disponibilização de análises para 50.000 ações e títulos de dívida anunciado pela MSCI, e a parceria da GFANZ com as principais agências de informação financeira, como S&P, Moody's e Bloomberg para reunir e disponibilizar informação relacionada a clima dos ativos em todo o planeta, por meio de uma plataforma de dados de utilidade pública para ação e responsabilização sobre neutralidade de carbono.

Esta é a primeira vez na história que o setor de informações financeiras está disponibilizando dados de finanças com foco em clima.

MERCADOS EMERGENTES

Também foi muito forte a pressão para que se avance na mobilização de capital para ajudar mercados emergentes e economias em desenvolvimento. Para isso, foi anunciada uma abordagem global para a transição de baixo carbono, baseada em quatro linhas de ação:

1- Criação de redes regionais na África, Ásia e Pacífico e início das conversas para a formação de uma rede para a América Latina;
2- Parcerias para a transição energética justa, aos moldes do Just Energy Transition (JET) da África do Sul, lançado na COP26, em Glasgow. Agora, na COP27, o país apresentou o plano de investimentos 2023-2027, que precisará de 84 bilhões de dólares no período;
3- Plataformas de países para que sejam endereçadas as particularidades das rotas de descarbonização de cada país; Mercados de carbono como instrumentos chave para mobilizar os recursos e financiar os investimentos com potencial de redução de emissões e captura e estoque de carbono.
4- Sobre mercados de carbono também houve muita discussão ao longo de todo o dia em torno do desafio de torná-los líquidos, transparentes e livres de conflitos de interesse, como forma de garantir a integridade dos créditos gerados e comercializados. 

Outro chamado à ação pelos líderes financeiros foi para que os os governos do G20 superem as lacunas de políticas públicas, através do estabelecimento de planos de transição para toda a economia e da adoção de estruturas de financiamento de transição, implementando não só a regulação para mercados de carbono mas também apoio à transição de famílias e empresas, além da promoção de apoio a mercados emergentes e economias de desenvolvimento por meio de planos nacionais e de transição justa.


Fonte:

Gustavo Pinheiro
Um só Planeta

 

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